sexta-feira, 23 de julho de 2010

Plenitude

O que você precisa para ser feliz? O que deixaria você contente com a sua vida? Seria uma casa? Um carro? Um bom emprego? Amigos para a vida toda? Um casamento?

Todas essas coisas são muito boas, porém, nenhuma delas satisfaz de verdade. A prova disso está no fato de não ser muito difícil encontrarmos pessoas que têm mais de uma casa e mais de um carro. Há pessoas que estão sempre procurando um salário mais alto, querendo sempre fazer novas amizades, ou se divorciando e procurando novos casamentos.
Hoje eu estava lendo sobre a Plenitude. Então o que é ser pleno? Numa resposta rápida, plenitude nada mais é do que sentir-se completo e estar feliz por isso. Mas o que nos traz a real felicidade? Tendo em vista que as pessoas estão sempre querendo preencher o seu vazio, buscando mais das coisas citadas acima, entendemos que nenhuma delas traz plenitude para a nossa vida.
Sinceramente, se nossa vida fosse um copo d'água, essas coisas, na verdade, seriam furos que nos impedem de ser verdadeiramente preenchidos. Pois essas coisas, quando buscadas com intensidade, ocupam o lugar que pertence a Deus no nosso coração.
Quer ver um exemplo: Israel no deserto. Deus havia prometido uma terra maravilhosa àquele povo e já estava chegando o tempo d'Ele cumprir o que lhes havia prometido. Quem olhasse para eles, com certeza teria facilidade em duvidar da palavra do Senhor, afinal, eles eram escravos no Egito e sem nenhuma perspectiva de mudança. Mas Deus, que não pode mentir, demonstrou a Sua fidelidade levantando Moisés e libertando-os das mãos egípcias.
O incrível é que isso não foi suficiente para o povo. Lá em Êxodo, capítulos 14 e 15, há a narrativa da perseguição dos egípcios ao povo israelita após a libertação dada pelo Faraó. O povo se encontrava à beira do Mar Vermelho e, ao ver o exército de Faraó se aproximando, começou a temer e a reclamar com Moisés, dizendo:
"Foi por falta de túmulos no Egito que você nos trouxe para morremos no deserto? O que você fez conosco, tirando-nos de lá? Já lhe tínhamos dito no Egito: 'Deixe-nos em paz! Seremos escravos dos egípcios! Antes ser escravos do egípcios do que morrer no deserto'" (Êxodo 14.11,12)
Moisés, que era um homem pleno no Senhor, então lhes respondeu da seguinte maneira:
"Não tenham medo. Fiquem firmes e vejam o livramento que o SENHOR lhes trará hoje, porque vocês nunca mais verão os egípcios que hoje vêem. O SENHOR lutará por vocês; tão somente acalmem-se" (Êxodo 14.13,14)
Então o Senhor abriu o Mar Vermelho, Israel passou, e o exército egípcio morreu afogado quando tentou passar pelo caminho aberto por Deus. Porém, nem isso foi suficiente, porque à medida que as dificuldades apareciam no deserto, o povo voltava a murmurar. E Deus, apesar disso, continuou a dar-lhes o que precisavam. Se tinham fome, vinha maná do céu; se tinham sede, a água jorrava da rocha; se tinham calor, uma nuvem os cobria de dia; se tinham frio, uma coluna de fogo os aquecia e os iluminava à noite; em 40 anos de caminhada, suas roupas não rasgaram e suas sandálias não ficaram gastas.
Tudo isso Deus proveu, mas nada isso não os satisfez. Impressionante, não acha? E qual foi a consequência disso? Eles não viveram aquilo que Deus tinha para a vida deles. Sendo assim, você pode dizer que Deus mentiu? De maneira nenhuma, a geração seguinte entrou na terra prometida, mas a geração que foi escrava não.
Meu versículo preferido - em Filipenses 3, Paulo, inspirado pelo mesmo Espírito que nos preenche, escreve o seguinte:
"Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para traz e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus."
Então você deve estar se perguntando: O que Israel no deserto tem haver com o que Paulo disse?
Israel, quando no deserto, cometeu um erro terrível. Eles se encantaram com a vida de conforto da promessa de habitarem em uma terra onde manava leite e mel. Essa visão da promessa, na verdade, tirou o Senhor do centro da vida deles, por isso que eles caiam em desespero e desilusão quando as dificuldades se apresentavam. Se prendendo ao que passou, eles chegaram ao ponto de sentir falta da escravidão, porque, pelo menos lá, eles tinham carne para comer.
Qual é o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus? É a casa própria? É o carro? É emprego novo? É o casamento? Muitas vezes, estamos tão mergulhados em nós mesmos que nos esquecemos da verdadeira promessa. O nosso prêmio é a salvação. A Glória que Deus dá não é a satisfação carnal como a que o mundo dá.
Creio que todos os acontecimentos com os israelitas no deserto retratam a nossa vida hoje. Vivemos em um grande deserto, esse mundo é o grande deserto. A vontade de satisfazer nossas necessidades, se não forem bem administradas, acabam nos cegando como fizeram com Israel.
Todos nós, que buscamos ter um relacionamento com Deus, temos algo que o Senhor gerou em nosso coração... é um chamado, é uma promessa. Aliás, creio que todo chamado é uma promessa e que toda promessa é um chamado. Porém, se isso se tornar maior do que Deus em nossas vidas, certamente pereceremos, pois iremos buscar o cumprimento disso em caminhos que, muitas vezes, não foram abertos pelo Senhor.
Temos que ter em vista que, primeiro de tudo, se o Senhor prometeu, Ele cumprirá, basta descansar n'Ele. Israel não descansou no Senhor, antes ficava aflito, temia e murmurava. Bem diferente de Moisés, que como já disse antes, era um homem pleno no Senhor.
Apesar disso, uma coisa me chamou atenção nessa história. Moisés também não entrou na terra prometida. Confesso que fiquei sem entender a princípio, e orei pedindo direção de Deus, pois isso poderia "comprometer" a veracidade da palavra que nascia em meu coração. E Deus respondeu. Moisés não entrou na terra prometido porque ele era tão pleno no Senhor, que, para ele, isso não fazia diferença nenhuma. Independente de cumprir-se ou não a promessa, Moisés não amava a Deus pelo Ele podia lhe dar, mas O amava por quem Ele é. Ele entendia que Deus podia ou não cumprir aquela promessa, porque Ele é soberano.
Claro que nós não devemos desistir nem ignorar aquilo que Deus nos falou, até porque isso seria falta de fé. E sem fé, ninguém verá a Deus. Mas isso significa estar feliz a todo momento, esperando n'Ele, sem ficar ansioso ou criar expectativas que, no final, só trazem decepção.
Hoje em meu estudo Bíblico, li algo que, honestamente, eu não sabia. O tempo normal de caminhada da distância entre o Egito e a terra da promessa era de 12 dias, mas Israel andou 40 anos. Deus, às vezes, nos faz dar voltas, para que nós venhamos a aprender que, acima de tudo, nós só dependemos d'Ele. Há vezes em que Ele já proveu o que precisávamos, mas nossa ansiedade cega nos faz querer sempre mais.
Quando olhamos, dependemos e descansamos em Deus, não precisamos de nada para nos satisfazer a não ser a Sua presença. Não precisamos de coisas, pessoas, denominações ou religiões para estarmos felizes em Deus. Não devemos desprezar nada do que Ele nos dá, pois isso é provisão diária d'Ele (esse é o Seu maná no deserto) em nossa caminhada.
Assim como fez com Israel, a caminhada no deserto nos prepara para viver na verdadeira terra prometida, a Glória, ao lado do Pai, junto com aquele que nos amou tanto, que sofreu terrivelmente por nós. A verdadeira promessa é estar com Jesus, pois é Ele quem no completa. Cabe a nós olharmos para Ele ou não.

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